quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ultra Trail S. Mamede - aventura, sofrimento, companheirismo, calor, loucura, fantástico...

Depois de muitos meses sem escrever no blog... entendi que a minha louca participação na UTSM, merecia um texto, mais ou menos inspirado.

A aventura não começou no dia da prova, iniciou há uns meses atrás, no momento que me decidi inscrever nesta prova. Decisão tomada... tratei de lançar o desafio a mais uns quantos, visto que me ia desgraçar, mais valia fazê-lo bem acompanhado.






Desafio lançado e não faltaram doidos que aceitassem: Humberto Almeida, Jhonny Vieira, Viriato Dias, Paulo Ferreira, Afonso Estevão, Rafael Valente e mais tarde juntou-se a este grupo o Ricardo Pinhão, todos para os 100 km. Mas para dar beleza à equipa as meninas Rita Gaspar e Isabel Almeida decidiram ir aos 42 km.

Num piscar de olhos já estavamos na semana que antecedia à prova. Toca a tratar dos pormenores e pimba... 6ª feira 16/5/2014 tinha chegado.

Carros cheios de tralha e lá fomos nós para Portalegre. A viagem era relativamente longa, mas passou num instante, penso que era da adrenalina do momento.

Chegado a Portalegre, toca a levantar dorsais, lanchar, passear, rever amigos, inspirar o ar daquela belissima atmosfera, dar uma volta... em suma, passar tempo e descontrair.

A hora do jantar chegou rápido e lá fomos nós fazer o pic nic. Massa, atum, ovo... coca-cola. combustível reposto. Chegou a hora de equipar, de preparar mochilas, verificar se tinhamos todo o material e siga para a zona da meta.

Fantástico, tanta gente, tanta cor, tanta emoção, tanto nervosismo e tudo isto acompanhado com música dos pink floyd aoo vivo... :)

A hora da partida rapidamente chegou, deu-se a contagem decrescente e zás... lá foram os 700 aventureiros, com ar de mineiros galgar km e mais km pela serra fora.

Os primeiros km são um misto de emoção e confusão, muita gente, luzes, pó, noite, pedras, ultrapassa, és ultrapassado, incerteza no rítmo a colocar. É tudo a ser projetado na nossa cabeça e leva tempo até estabilizarmos o pensamento e começarmos a ser racionais.

 Da minha parte a racionalidade chegou por volta dos 10 km. As dificuldades respitratórias que sentia, fruto da rinite alérgica que sofro e que surge ao mais alto nível nesta altura do ano, assim o exigiu.

Meti um andamento não muito forte, de maneira a nunca correr em esforço, na esperança de atrasar o mais possível a fadiga.

Esta minha estratégia resultou até perto de Marvão +- aos 60 km, a partir daí uuuiiiiii, foram 40 km a sofrer e a lutar contra o cansaço, calor e desnível. Mas faz parte...

Quanto à prova, que maravilha. Percurso duro, exigente mas lindo. Com passagens e paisagens paradisiacas, quer de noite quer de dia. E  aquele amanhecer foi qualquer coisa de fabuloso, provavelmetne foi o momento alto de toda a prova.




Durante o percurso tive o privilégio de correr ao lado de conhecidos e desconhecidos, tudo gente boa que têm em comum o gosto pelo trail. Destaco o Jorge, companheiro de Guimarães com quem corri lado a lado durante cerca de 15 km. O Rafael e o Pinhão companheiros de treino e que se revelaram também excelentes companheiros de prova. Penso que sem a companhia deles teria sido muito dificil conseguir terminar esta aventura.



De negativo destaco apenas 3 coisas: 1- alguns abastecimentos mereciam alguma comida de substância: febras, presunto, etc... tinham muitos doces e alguns salgados, mas faltou substância. 2- O percurso a partir dos 60 km, não tinha necessariamente de ser tão duro, com tanta zona técnica, tornando-se aqui e ali algo perigoso, fruto da fadiga acumulada que os atletas traziam.. 3- Mas mau, mesmo mau... foi a quantidade de lixo que os atletas vão largando ao longo da prova. Sinceramente não consigo perceber o porquê de deitar as embalagens vazias para o chão. Peso? Senhores e senhoras... as poucas gramas que as embalagens têm, não fazem mossa. Fazem mais os kg que cada um tem a mais no corpo. Por isso, façam favor de guardar as embalagens e deitá-las fora nos abasteciementos ou no final da prova.



Quando estava quase a terminar a prova (quase=2h) disse ao meu companheiro de prova Rafael, que nunca mais me apanhavam ali, era terminar aquela e ficava por ali.

 A sensação de terminar foi algo transcendente, maravilhoso, divinal.




Mas no dia seguinte, já depois de algumas mazelas menos evidentes... só em apetecia calçar as sapatilhas, equipar e voltar ao local do crime. Como este ano não pode ser... 2015 me aguarde.... :)


Nota1: Parabéns a todos os companheiros de aventura, quer os que acabaram quer os que desistiram por problemas físicos. Ter tido a coragem de se lançar nisto demonstra uma boa dose de insanidade saudável. Venham mais momentos destes loucos....


Nota: Fomos notícia de Jornal no Diário de Aveiro... hehehehe