Como já andava ausente destas andanças da escrita, porque o tempo escasseia (tal como o dinheiro), esperei pela minha participação em dois trails e assim faço uma novela tipo 2 em 1...
Há uns largos mas largos anos, vi um filme intitulado «Os deuses devem estar loucos», é daqueles filmes que o nome fica na memória mas o filme nem por isso.
Devem estar a perguntar o que é que o nome do filme tem haver com os trails... passo a explicar.
Os deuses não estão nada loucos, antes pelo contrário... tiveram momentos de grande imaginação, inspiração, dedicação e sensibilidade para terem criado serras com tamanha beleza e mistério.
A única loucura que os deuses devem ter cometido foi a criação do ser humano com o chip da destruição... porque espero que nunca esse chip seja ligado para destruir tamanha beleza.
Pelo segundo ano consecutivo participei no Luzatrail, que é feito de afetos, de gente boa, dedicada e que não vê o trail como um meio para ganhar dinheiro, mas como forma de divulgar a sua região e as suas gentes. Foi um subir e descer, muito próximo daquilo que uma montanha russa nos proporciona. Este sobe e desce não se limita ao terreno, é também um sobe e desce de emoções e contemplações.
Água que gela os pés, mas refresca a alma, paredes que desgastam os músculos mas alimentam a alma, descidas que amedrontam o corpo mas aguçam a adrenalina. Tudo isto, servido a atletas de espírito aberto a receber tamanha informação, que nos chega pelo olfato, pelo tato, pelo sentimento, pela audição e pelo sabor.
Assim vale a pena, fazer km de carro, para depois fazer mais uns quantos a correr, a sofrer, a duvidar da sanidade mental... mas no fim, amigos... no fim... fica a gratificação de ter participado em tudo isto.
O trail entre Douro e Paiva que partiu da bela localidade de Cinfães, foi uma espécie de 2ª parte com direito a prolongamento destas emoções.
Resolveram servir-nos um banquete de beleza, digno dos melhores e mais ilustre reis, imperadores e deuses dos tempos de outrora.
E eu.. eu simplesmente tive a felicidade de me ter predisposto a viajar até lá, calçar as sapatilhas, vestir os calcões, a t'shirt e correr, correr, correr.
Como estava condicionado fisicamente para este trail, derivado a uma lesão, decidi fazer uma prova calma. Que rica ideia eu tive, com isto foi-me permitido olhar e contemplar tamanhã beleza.
Começar a prova em cima de uma ponte sobre o rio douro que fica a 70m de altitude e começar a subir, subir e mais subir até aos 1200 metros, parece tarefa complica... parece e foi, mas quando se faz no meio de rochas, riios, árvores, bosques, florestas e na companhia de compnheiros de «guerra», tudo parece ficar mais fácil. e o tempo foi passando e os km sendo ultrapassados.
Nos momentos de maior calor, aparecia assim do nada, uma fonte de água super fresca, capaz de arrefecer o corpo escaldado pelo sol. E quando a força ia faltando e o desespero parecia querer apoderar-se de mim, lá surgia mais um abastecimento com fruta e água fresca e com gente boa a servir-nos, capaz de nos recarregar as pilhas. Com isto lá me lançava para mais uns km...
Isto tudo em grande companhia... rodeado de amigos.
Com estas duas provas reforcei a ideia que já tinha sobe o trail... «AQUI EU SOU FELIZ».
bons treinos