terça-feira, 20 de outubro de 2015

Serra da Lousa o Parque de diversões

Cinco e meia da manhã toca o despertador, por minutos sinto-me perdido... que raio, para que tocas. Depressa caio em mim e lá me levanto... os 51 km na Serra da Lousa Esperam por mim.

Rapidamente salto da cama, desço as escadas, sou efusivamente cumprimentado pelas minhas cadelas... são mesmo fieis, acordam sempre a tempo de festejar a nossa presença.

Tratar dos pormenores e dos por-maiores, pequeno almoço no sítio certo, saco preparado, dentes lavados (sou limpinho)... e siga para mais uma viagem na companhia da amiga destas aventuras, a Isabel.

Apesar da hora madrugadora, ainda temos capacidade para articular uma conversa, onde tentamos antecipar dificuldades e soluções, mais umas banalidades, como quem será o próximo primeiro ministro... cenas de gente culta :)

Depressa chegamos a Miranda do Corvo, local onde está situado todo o STAFF da prova, bem como, a partida e chegada da mesma. 

Aquela hora já os "desgraçados" dos 112 km levam 7h30 de prova... que violência.

Dorsal levantado, café tomado, última refeição antes da partida feita, troca-se de sapatilhas rápido, coloca-se dorsal, fecha-se o carro... uma corrida para a partida, confere-se o material obrigatório, ultima foto da praxe... e zás .. partida dada, desejo de boa sorte e a aventura começou.

Como o S. Pedro é um tipo simpático começa a chover, isto tudo para refrescar as ideias e se for caso disso a malta ficar logo por ali. Olho à volta, apesar da chuva, ninguém arreda pé.

Acelero um pouco para me juntar o mais à frente possível, mas como sempre aqueles tipos teimam em ser mais rápidos do que eu... com tanta velocidade qualquer dia caem e aleijam-se. Cuidado meninos... cuidado.

Primeiros km tranquilos, plano e sem stress... mas foi sol de pouca dura... depressa entro no parque de diversões onde tudo é permitido: Montanha Russa, Bailarina, Casa Assombrada, Poço da Morte, Aviões, Patinhos, Cadeiras Voadoras... de tudo... até acho que matraquilhos.

Km de subida e descida... numa constante viagem vertiginosa... passas e és passado... corres e andas... esperas e desesperas... amas e odeias... rejubilas e rogas pragas... aqueces e arrefeces... efusivas e resmungas... 

Os primeiros km tornam-se algo desesperantes, não pela dificuldade, mas porque o corpo não queria andar, as pernas fraquejavam como se fossem varas verdes acabadas de germinar. "Que faço aqui" e "como vou finalizar esta empreitada"... era o que latejava na minha cabeça. 

As varas verdes e fracas, foram sustentadas por um cabeça forte e resistente, capaz de resistir a este mau momento... quando me sinto assim... tenho sempre a certeza que tudo se pode alterar e para melhor, quando menos espero. 

E de repente deu-se uma espécie de milagre... não se abriu o sol, mas fechou-se o céu... e as fontes do frescura abriram-se lá em cima, e sobre a Terra brotou uma verdadeira cascata, que me lavou a alma e tirou-me a fraqueza... ressuscitei para a corrida e para a Serra. Como eu adoro correr com chuva... é refrescante e emocionante. Milhões de pingos grossos e finos, batidos a vento ciclónico bateram-nos de forma constante e impiedosa... foi a parte que mais gostei... apenas uma reclamação: um pouco menos de vento por favor... obrigado.

A partir daqui foi saborear todos os pormenores que a natureza oferece... trilhos, descidas, subidas, pedras, cores, cheiros, lama, lama, lama, lama, lama (é que era mesmo muita).

No final... uau... está ali a meta... ao cortar a meta...serro os punhos... mais uma prova superada.


Ali eu fui feliz

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